Candidato à reeleição, ele passou a optar por pronunciamentos no lugar de entrevistas à imprensa

O atual prefeito de Belo Horizonte e candidato à reeleição, Alexandre Kalil |
Foto: Foto: Divulgação / Coligação Coragem e Trabalho
Por PEDRO AUGUSTO FIGUEIREDO
27/10/20 - 14h58
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Candidato à reeleição, o atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), mudou sua estratégia de comunicação no dia a dia da campanha. Nas duas últimas agendas, na sexta-feira (23) e na segunda-feira (26), ele optou por fazer pronunciamentos curtos, de 30 segundos e 1 minuto, respectivamente, em vez de responder perguntas feitas pela imprensa.
A mudança aconteceu um dia depois do Instituto Datafolha apontar que Kalil tem 60% das intenções de voto na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte, o que significa que, se o cenário permanecer, ele vencerá a eleição no primeiro turno.
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Até então, Kalil havia concedido entrevistas coletivas em todos os atos de campanha. Ele respondeu todas as perguntas dirigidas a ele pelos jornalistas e as coletivas duraram, no mínimo, cinco minutos e frequentemente ultrapassaram os dez minutos, tempo muito superior aos pronunciamentos que fez.
A tática do pronunciamento foi repetida na segunda-feira (26), em reunião com os diretores da Associação Mineira de Supermercados (Amis). Havia a expectativa que Kalil concedesse entrevista, o que não aconteceu.
O desempenho nas pesquisas e a proximidade do primeiro turno — a votação está marcada para o dia 15 de novembro — podem estar entre os motivos para a cautela adotada. No pronunciamento na Amis, Kalil disse que está animado com os resultados das pesquisas, mas que espera que os ataques dos adversários se intensifiquem a partir de agora.
Uma escorregada ou frase mal colocada poderia servir como um fato negativo a ser explorado pelos concorrentes na reta final da campanha. A avaliação é do próprio candidato.
Logo no primeiro dia de campanha, Kalil disse à rádio Super 91,7 FM que seu maior adversário político nestas eleições era ele mesmo. Em entrevista concedida ao jornal O Globo, ele se aprofundou na tese. Ao ser perguntado o que poderia atrapalhar sua reeleição, respondeu: “Eu mesmo. Palavra mal colocada, uma coisa errada. Tenho que me policiar pra ter humildade e tocar o meu trabalho na prefeitura”, disse ao jornal carioca.
Na mesma linha do Datafolha, a pesquisa DataTempo/Quaest divulgada na segunda-feira (26) mostrou que Kalil ampliou sua vantagem em seis pontos percentuais desde o início do mês: ele saiu de 53% das intenções de voto para 59%. O segundo colocado, João Vítor Xavier (Cidadania) tem 5% das intenções de voto.
Apesar da vantagem, o clima na campanha de Kalil, pelo menos para quem observa de fora, é de foco. Assessores e funcionários evitam falar em vitória no primeiro turno e mantêm o discurso de que é necessário esperar a abertura das urnas para comemorar.
Foi falta de tempo, diz campanha
Procurada, a assessoria da campanha de Kalil informou que não houve mudança de estratégia e que não há marqueteiro contratado. Segundo foi dito à reportagem, o motivo de Kalil ter feito apenas um pronunciamento nas duas últimas agendas é que ele estava com pressa para voltar ao trabalho na Prefeitura de Belo Horizonte.
Kalil tem feito agendas apenas nas segundas-feiras, quartas-feiras e sexta-feiras, sempre na hora do almoço, sob o argumento de que não pode deixar a administração municipal de lado.
O atual prefeito costuma ser pontual e quando atrasa é apenas por alguns minutos. Até agora só houve um atraso significativo: no dia 9 de outubro, ele tinha almoço marcado às 12h em um restaurante italiano no bairro Olhos D’Água com representantes lojistas, mas chegou ao local perto das 13h. Neste dia, ele falou normalmente com a imprensa.
Para o cientista político e professor do Ibmec, Adriano Cerqueira, Kail adota a estratégia de não se expor muito por causa dos resultados das últimas pesquisas.
“Quanto mais parecido for esse resultado até o dia da eleição, melhor (para o candidato). Ele evitar declarações ajuda a não alterar esse quadro. É uma tentativa, uma tática de campanha que às vezes funciona”, disse.
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